Thoreau, por sua vez, nos apresenta, em uma obra autobiográfica, uma forma de viver em harmonia com o ambiente, nos fazendo refletir sobre nosso modo de vida consumista e desconectado da natureza. Esse livro, apesar de ter sido publicado em 1854, continua atual nos nossos dias. No livro encontramos a epopeia do autor que se retira em 1845 para a floresta, onde constrói com as próprias mãos, sua casa e seus móveis, passando a viver com o mínimo necessário e em intenso contato com a natureza.
A VIDA SECRETA DAS ÁRVORES
De tempos em tempos tenho o hábito de reler algum livro… Durante o distanciamento social imposto pela pandemia do COVID-19 foi possível fazer isso várias vezes. Hoje, vou compartilhar com vocês a sugestão de leitura de dois livros: “A vida secreta das árvores” de Peter Wohlleben e “Walden” (ou a vida nos bosques) de Henry David Thoreau.
Nos dois livros podemos encontrar vários exemplos de assuntos que abordamos em nossas aulas de Biologia.
Na obra de Wohlleben, um verdadeiro tratado de ecologia, porém escrito de forma que seja acessível para qualquer tipo de leitor, encontramos vários exemplos de relações inter e intraespecíficas. Normalmente vemos de forma mais fácil essas relações ocorrendo com animais, mas nesse livro o autor (que é um cientista) nos apresenta, como se fosse num romance, histórias pouco conhecidas de árvores. Estes seres vivos formam grupos que lutam pela sobrevivência, em que criaturas solitárias enfrentam o cerco de inimigos, pedem socorro, socorrem-se, tornam-se amigas, realizam pactos, conversam entre si e até mesmo contra-atacam aqueles que agridem os membros dessas curiosas sociedades de árvores de diferentes espécies.
Nesse local, às margens do lago Walden, o autor viveu por pouco mais de dois anos uma vida simples e autossuficiente. Sem contar a questão do isolamento social, temos várias menções a assuntos que conversamos em nossas aulas, principalmente relacionados à nossa relação com o ambiente.
Em minha opinião, os dois livros se complementam. Enquanto um fala das “relações sociais” que ocorrem entre árvores, o outro apresenta uma maneira de nos relacionarmos com elas e o ambiente como um todo de uma forma harmônica, sem interferirmos nas relações que já existem, de modo a sermos “aceitos” pelos outros organismos.
Enquanto escrevo me lembrei de um filme que tem tudo a ver com os dois livros citados. Quem ainda não viu, recomendo que assista a AVATAR (2009), um épico da ficção científica, escrito e dirigido por James Cameron.
A história é ambientada no ano 2154, e é baseada em um conflito em Pandora, uma das luas de Polifemo, um dos três planetas gasosos fictícios que orbitam o sistema Alpha Centauri. Pandora é habitada por uma espécie de humanoides chamada Na’vi. Estes seres vivem em harmonia com a natureza e veneram a deusa da vida, chamada Eywa. Os humanos não são capazes de respirar na atmosfera de Pandora, a qual é rica em dióxido de carbono, metano e amônia. Além disso, não têm uma convivência pacífica com os Na’vi por não entenderem sua cultura de venerar e sentir profundamente a natureza. Estas questões como gases tóxicos, criacionismo (origem sobrenatural para o fenômeno da vida), impactos ambientais, entre outras, também vimos em sala de aula.
Assim sendo, sugiro que aproveitem este período de distanciamento social e leiam um bom livro ou assistam a um bom filme (acima vocês têm três sugestões). Mas façam isso com um olhar crítico e tentem encontrar alguma relação com o que vocês trabalham em sala de aula, independentemente da disciplina que seja. É outra maneira de estudar, aproveitem.
Créditos:
Texto: Professor Dagoberto Port
Imagem principal: Frame do documentário Intelligent Trees (Fonte: https://www.intelligent-trees.com).
Imagem 2: Réplica da cabana de (Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/591548-thoreau-retorna-a-cabana-de-walden-uma-utopia-politica)
Imagem 3: Poster do filme Avatar (Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Avatar_(filme)#/media/Ficheiro:Avatar-Teaser-Poster.jpg)