O dia em que Selma sonhou com um ocapi
Em primeiro lugar, você já ouviu falar em Ocapi? Sabe o que é?
Não é nome de uma arma nem de uma construção. Também não é um monstro nem um ser fantasioso. Na verdade, ocapi é um animal e, apesar de raro, ele existe de verdade. Podemos encontrá-lo na África, mais especificamente, nas florestas do nordeste da República Democrática do Congo. Ele é bizarro porque parece um animal feito de partes de outros, quase um Frankenstein do reino animal! Para você entender melhor, o ocapi tem pernas listradas como as zebras, ancas de tapir, torso vermelho-ferrugem de girafa, olhos de cervo e orelhas de rato. Não parece algo real, certo? Só pode ser fruto da imaginação! Mas não é!
Bom, explicado o que é um ocapi, agora é possível apresentar o livro “O dia em que Selma sonhou com um Ocapi”, de Mariana Leky, publicado em 2017, na Alemanha.
A história se passa em uma vila no interior da Alemanha, chamada Westerwald, onde vivem Selma, sua neta Luise, o Oculista, Elsbeth, os pais de Luise, Martin, Marlies, entre outros. Toda vez que Selma sonhava com um ocapi, alguém morria. O sonho não dava pistas de quem seria a vítima, mas, dentro de 24 horas, uma das pessoas do vilarejo estaria morta. Essa obra inicia com o sonho de Selma. Era a quarta vez que ela sonhava com um ocapi e, ao saber disso, toda a comunidade ficou preocupada e em alerta, com medo do que poderia acontecer. Isso fez com que as pessoas procurassem fazer ou falar coisas que, até então, não tinham coragem ou que abandonaram, fez com que procurassem viver todos os momentos ao máximo, pedir perdão e perdoar, agradecer, esperando pela tragédia anunciada. E, no meio disso, vai se delineando a história da vida de Luise, que é, também, a narradora.
O enredo é simples, mas envolvente. É possível rir, chorar, torcer por um personagem, rir e chorar novamente. Ao longo da leitura, vamos nos identificando com elementos e personagens, além de refletir sobre a nossa vida e o nosso dia a dia.
Apesar de iniciar com um sonho de mau agouro, o romance não discute a morte, não tem esse tema como ponto central. Muito pelo contrário! A ideia da narrativa é escrever sobre o amor, sobre a união de pessoas e sobre a vida para que não aconteça com a gente o que aconteceu com o carteiro, que “acabou perdendo a vida pelo medo de perder a vida” (p.24). A ideia é que nós possamos seguir um pouco o conselho do pai de Luise: “Vocês têm de se abrir mais para o mundo.” (p.14).
Super recomendo a leitura!
Créditos
Texto: Professora Suy Mey Schumacher Moresco
Imagem principal: umcafecomluke.wordpress.com
Imagem 1: aminoapps.com
Imagem 2: www.picuki.com