ADOLESCENTES E DINHEIRO: A NECESSIDADE DA EDUCAÇÃO PARA AS FINANÇAS
Nas últimas décadas, o Brasil vem passando por um estágio de desenvolvimento econômico, financeiro e social que determina constantes ajustes e desajustes. O período de aumento do poder de consumo da população causado, entre outros motivos, pela estabilidade da moeda e a consequente expansão do crédito, e posterior crise financeira mundial, do qual o país não passou ileso, vem chamando a atenção de diversos segmentos da sociedade, entre eles estudiosos e economistas, passando pelo empresariado e dando trabalho extra para os estrategistas de marketing. Isso porque, o cenário socioeconômico de um país repercute sempre, direta ou indiretamente, sobre as atividades dos indivíduos e vice-versa.
Desse modo, observa-se que a própria economia nacional necessita de uma aproximação com as pessoas a fim estimulá-las a movimentos de conscientização e participação cada vez maiores num assunto que lhes diz respeito: a Educação Financeira, que se tornou fundamental para o desenvolvimento de país. O dinheiro faz parte da vida de todas as pessoas, porém, o assunto ainda é pouco discutido, mesmo considerando a sociedade consumista à que todos estamos inseridos. A realidade brasileira mostra que, embora o tema esteja em destaque nos discursos políticos e nos meios de comunicação, na prática, poucas ações têm se desenvolvido para levar esse conhecimento para um público bem específico da sociedade: os jovens.
Na adolescência, por se tratar de um período de construção da identidade, é quando, de maneira mais autônoma, o jovem começa a pôr em prática os conceitos aprendidos. É também geralmente nessa fase que ele começa a questionar o que foi interiorizado, principalmente na relação com os pais e, muitas vezes, rever ferramentas insuficientes ou insatisfatórias para sua sobrevivência. Os hábitos econômicos podem ser exemplos disso, o que significa que é neste momento que boa parte dos comportamentos serão sedimentados, servindo de mapa para a vida econômica futura do indivíduo.
Pode-se inferir que há uma preocupação e demanda dos jovens por conhecimento e orientação de sua vida financeira, que não tem sido atendida satisfatoriamente pelos pais, escola e demais instituições a quem caberia esse papel. Uma das demonstrações disso é o fato de dificilmente ele encontrar espaços para conversar sobre o tema, como se dinheiro fosse “assunto proibido ou indiscreto”. E, por outro lado, muitas vezes buscam na família um tipo de informação da qual a própria não dispõe, por também não ter recebido orientação para suas finanças.
Os adolescentes, em especial, têm tamanha relevância no presente e futuro contexto social que intervir em seus comportamentos financeiros se tornou imprescindível. O trabalho de formação precisa abranger aspectos do funcionamento da Economia, mas, principalmente, do Comportamento Humano frente a esses fenômenos relacionados ao dinheiro como: consumo, emoções, pensamentos, valores, organização, autocontrole, autogestão etc.; esfera em que a Psicologia, Sociologia, Filosofia e Antropologia podem oferecer relevantes contribuições.
Além disso, a prévia investigação de como se dá o comportamento econômico de jovens, ou seja, que estratégias eles têm utilizado para sua organização e decisões econômicas e quais operações psíquicas estão envolvidas nelas, servirá de base para que profissionais habilitados trabalhem na direção de um maior esclarecimento dos jovens sobre esta importante dimensão de sua vida, podendo impulsionar seu movimento de apropriarem-se de suas ações e, portanto, favorecer sua emancipação como cidadãos participantes de seu tempo.
Créditos
Texto: Psicóloga Vania Lopes Ventura (CRP 12/05127)
Imagem principal: https://codemec.org.br/blog/midia-etc/adolescentes-apenas-12-sabem-o-valor-do-dinheiro/
Imagem 1: https://www.colegioweb.com.br/curiosidades/como-economizar-dinheiro-na-adolescencia.html